quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Porque há em alguns vinhos a passagem por barris de carvalho?




Meninas e meninos,
Faz algum tempo, fui entrevistado por uma revista cujo tema principal é o vinho, sobre um das perguntas mais freqüentes que os seus leitores faziam.
Como em algumas palestras que dei ano passado, o tema foi recorrente, resolvi publicar, com alguns acréscimos, de uma maneira diversa de expor o tema, mas sem interferir no conteúdo, que na época não tive tempo(sempre este dead line a nos perseguir...), e preservando as perguntas que eram advindas das dúvidas dos leitores.
É breve, sem muito ar técnico que não é o caso, e creio, que servirá para muitos neófitos.
1) QUAL A FUNÇÃO DO BARRIL NO VINHO?


Em geral é para afinar o vinho que ainda não está pronto, está tânico, as vezes desequilibrado com o álcool, mas sempre será por pura opção do enólogo, que é o mágico que precisa “saber” como o vinho se comportará no barril com o tempo, e como ficará anos mais tarde. Pode ser também uma opção do enólogo para determinada safra, ou tipo de uva, ou até mesmo por legislação com há na Espanha, onde os vinhos Reserva, e Gran Reserva, obrigatoriamente passam, cada um deles, tempo mínimo bem determinado.
2) QUAIS A PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS QUE A MADEIRA DEVE TER PARA QUE O VINHO GANHE EM QUALIDADE? TEM QUE SER CARVALHO?


Primeiramente quero dizer que a qualidade do vinho independe da madeira. Se o vinho não tiver a qualidade adequada, não há madeira que o torne qualificado.
Temos vários tipos de madeira, em geral da família dos QUÉRCUS(carvalhos).Precisam transferir aos vinhos a oxigenação, já que através das paredes da madeira, porosas, há a troca de oxigênio. Também seus taninos bons, sempre seguindo a proposta do enólogo, além de transferir o que chamamos de aromas empireumáticos, que resultam do tostado da queima que todos os barris sofrem por dentro. Tostados todos os barris são, mas temos baixa, média, alta, e algumas intermediárias tostagens. Tostados nas tampas, ou sem estes, Depende também do tempo de permanência nos barris, pelos quais os vinhos que pretendem ser mais longevos, ficam afinando, pois os taninos e o oxigênio em micro doses, servem para dar mais consistência nesta longevidade esperada, conservando-os por anos.Vinhos para serem bebidos jovens nunca ou quase nunca passam por barris, e se passarem, o fazem por pouco tempo, as vezes somente na fermentação alcoólica.
3) POR QUE OS BARRIS MAIS CONHECIDOS SÃO DE CARVALHO FRANCÊS OU AMERICANO? SÓ NESTES LOCAIS PODEM SER ENCONTRADAS MADEIRAS ADEQUADAS, OU É UMA QUSTÃO DE TRADIÇÃO DA INDÚSTRIA? QUAIS OUTROS MERCADOS EXISTEM?

Carvalhos Franceses e Americanos são os mais conhecidos, mas os temos Russos, Belgas, Húngaros, Slavenos. Na verdade os temos em qualquer lugar que se plante e se cuide deles para este fim da tanoarias, que é a arte de se fazer barris. O que muda sempre são as características que cada madeira, diferentes entre si, transmitem aos vinhos, pelas diversas características de suas fibras, resinas, etc... Também mudam os preços, e claro, quanto mais raros, mais caros, sendo este o Francês o campeão.Se todas as vinícolas que dizem usar barris de carvalho francês novas, o fizessem, não teríamos mais nenhuma destas árvores para contar a estória.
4) DE QUANTO EM QUANTO TEMPO DEVEM SER SUBSTITUÍDOS OS BARRIS PARA GARANTIREM A QUALIDADE DOS VINHOS?

Repito que a qualidade não advém da madeira, claro que se esta for de má qualidade, ou usada de maneira inadequada, pode “desqualificar” o vinho, mas a substituição dos barris, depende da proposta que casa vinícola e enólogo, imprimem em sua linha de vinhos. Há os que somente usam barris novos, tendo, portanto que substituí-los todas as safras, mas há os que os usam mesclados com barris de 2º uso ou mais. Há as que só se utilizam de barris usados, por exemplo, 2º, 3º, 4º e mais usos, mesclados entre si ou não. Os vinhos do Porto Tawny, por exemplo, usam barris com muitos usos, alguns centenários.
Até o próximo brinde!

Álvaro Cézar Galvão

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