Meninas e meninos,
Gostaria de ter eu escrito este texto, mas compartilho na
íntegra texto do Fabrício Carpinejar, incluindo a foto divulgada no PortalRaizes
Depois dos 40 anos, o pensamento feminino muda, desembaraça. O
sexo não é mais performance, exaustão, é fazer o que se gosta e do jeito que
gosta. É aproveitar dez minutos com a intensidade de uma noite inteira, é
reconhecer o rosto do próprio desejo no primeiro suspiro, é optar pela
submissão por puro prazer, sem entrar na neurose da disputa ou do controle.
A mulher de 40 não diminui o ritmo da intimidade. Pode
ler um livro com a intensidade de uma transa. Pode assistir um filme com a
intensidade de uma transa. Pode conversar com a intensidade de uma
transa. Ela não tem um momento para a sensualidade, a sensualidade é todo
momento.
Tomar o café da manhã não é apenas um desjejum, tem a sua
identidade, o seu ritual, um refinamento da história de seus sabores. Tomar o
café da manhã com uma mulher de 40 anos é participar de sua memória, de suas
escolhas.
Ela não precisa mais provar nada. Já sofreu separações, e
tem consciência de que suporta o sofrimento. Já superou dissidências
familiares, e tem consciência de que a oposição é provisória. Já recebeu fora,
deu fora, entende que o amor é pontualidade e que não deve decidir pelo outro
ou amar pelos dois.
A mulher de 40 anos, cansada das aparências, cometerá
excessos perfeitos. É mais louca do que a loucura porque não se recrimina
de véspera. É ainda mais sábia do que a sabedoria porque não guarda culpa para
o dia seguinte.
A beleza se torna também um estado de espírito, um brilho
nos olhos, o temperamento. A beleza é resultado da elegância das ideias, não
somente do corpo e dos traços físicos.
Encontrou a suavidade dentro da serenidade. A suavidade que
é segurança apaixonada, confiança curiosa.
O riso não é mais bobo, mas atento e misterioso,
demonstrando a glória de estar inteira para acolher a alegria improvisada,
longe da idealização, dentro das possibilidades.
Não existe roteiro a ser cumprido, mapa de intenções e
requisitos.
Há a leveza de não explicar mais a vida. A leveza de
perguntar para se descobrir diferente, em vez de questionar para confirmar
expectativas.
Ser tia ou mãe, ser solteira ou casada não cria angústia. Os
papéis sociais foram queimados com os rascunhos. A mulher de 40 é a felicidade de não ter sido. É a
felicidade daquilo que deixou para trás, daquilo que negou, daquilo que viu que
era dispensável, daquilo que percebeu que não trazia esperança.
Seu charme vai decorrer mais da sensibilidade do que de suas
roupas. O que ilumina sua pele é o amor a si, sua educação, sua expressividade
ao falar. A beleza está acrescida de caráter. Do destemor que enfrenta
os problemas, da facilidade que sai da crise.
A beleza é vaidosa da linguagem, do bom humor. A beleza é
vaidosa da inteligência, da gentileza.
Depois dos 40 anos não há depois, é tudo agora.
Texto de Fabrício Carpinejar – Publicado na Revista Isto É
Gente – Março de 2014 p. 50 – Ano 14 Número 706
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão
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