segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Marco Danielle e seus vinhos de garagem.


Meninas e meninos,
Quando em Junho do ano passado, estive por ocasião do evento patrocinado pelo caderno Paladar do jornal O Estado de São Paulo em duas degustações com os vinhos do Marco Danielle, os quais tirando os novíssimos Chardonnay Zero(SO2 zero) e o Pinot Noir, já conhecia e apreciava muito, ficou faltando à bem da verdade falar algo mais destes vinhos.
Na ocasião, gostei deles, principalmente do Chardonnay, que até em artigo posterior, citei como o único vinho branco que me soube bem ao palato mesmo mais quente que a temperatura normal de serviço, visto termos ficado por um bom tempo com o vinho na taça, fazendo experiências olfativas e gustativas.
Agora volto a este maravilhoso vinho com mais ênfase.
Ganhei naquela oportunidade uma garrafa de cada um dos vinhos novos do Danielle, e as estava guardando para degustar com mais alguns amigos enófilos, mas que por várias razões e coisas que fugiram ao nosso controle, não consegui marcar uma data para tal.
Resolvi agora no início de 2010, degustar o Chardonnay que tanto me encantara, mas precavido, e seguindo minha filosofia de testar ao menos em duas ocasiões diferentes os vinhos, tanto os que me agradaram como os que nem tanto, pois ainda faltava a segunda prova.
Meus caros podem falar o que for dos vinhos do amigo Danielle, mas à mim estes são muitos bons, gostando eu mais de uns do que de outros, o que é normal, mas todos são de primeira.
Polêmicos? Sim, pois são vinificados por um apaixonado pelos vinhos naturais, fotógrafo dos bons, que largou a profissão, se dedicando aos vinhos.
Aplaudo sua iniciativa, pois hoje não teria eu mais um artigo para publicar.
Degustei o Chardonnay Zero depois de um longo descanso em minha adega, com mais dois amigos, sendo um deles grande conhecedor de vinhos Brasileiros, o Celso Frizon, do Rancho do Vinho.
O outro, um português de alma Brasileira, amante dos bons vinhos, o Daniel Coelho, sócio do Celso no Rancho.
A cor é de um vinho evoluído, de um dourado lindo, e que sem filtragem, precisa descansar um pouco na taça para mostrar na totalidade sua cor brilhante.
Aromas pouco convencionais de Chardonnay, do jeito que os conhecemos, mas com uma fruta que me lembrou o abricot e algo floral, sutil e delicado.
Em boca, uma acidez deliciosa que encantou a todos na mesa, nós que somos sempre pela enogastronomia.
Equilíbrio entre álcool, acidez e corpo, com um dulçor mínimo aparecendo na ponta da língua(o que me confirmou em boca o abricot).
Segue descrição do próprio Marco Danielle em seu site:
Chardonnay 2008 "Zero"12,1% vol.(400 garrafas produzidas) Ficha técnica de vinificação
Colheita: manual em caixas de 17,7 KgDesengace: manual, com seleção visual de grãosQuebra das bagas: manual suave, com leve compressão por rolos de inóxRemontagem: manual por pigeage (sem uso de bomba)Transporte do mosto: por gravidade, sem bombeamento de sólidosPrensagem: sim (incluído o vinho de prensa)Tratamento de frio: nãoFiltragem: leve (retirada de partículas visíveis a olho nu)Colagem: nãoLeveduras enológicas: nãoSO2 no mosto: nãoSO2 nos transvases: não SO2 no engarrafamento: não
Palavra do autor:Não espere encontrar aqui um chardonnay comercial padrão. Nem mesmo um Bourgogne clássico, barricado. Seria uma decepção certa. Espere algo no espírito dos brancos naturais do Vale do Loire, levemente embaçados e dourados. Cristalinidade não é sinônimo de qualidade. Procure neste vinho alguns valores do passado, e toda a espontaneidade de um vinho natural. Abra sua mente e seu espírito, desligue-se dos padrões do mercado e você irá sentir um grande prazer sensorial neste vinho de sabor intenso, que não busca qualquer identificação com os brancos tecnológicos da moda. Este é um vinho único, elaborado em apenas 400 garrafas, que não se repetirá. Feche os olhos e reflita sobre isto quando o estiver degustando, e sinta o paladar mais persistente que já conseguimos até hoje em nossos vinhos, incluindo nossos melhores tintos. Aproveite, igualmente, a oportunidade rara de poder degustar um vinho branco feito sem SO2.. Particularidades enológicas:Vinho feito com uvas esmagadas como único ingrediente. Leve maceração pelicular, e toda a excentricidade e personalidade de um vinho concebido sem adição de SO2. Um vinho que encontra-se no ápice do frescor e expressão, e que deve ser consumido dentro de um ano, por desconhecermos ao certo a evolução de um vinho branco sem SO2. Não há nenhuma razão para este vinho ser guardado, e fazê-lo seria colocar em risco suas qualidades imediatas.
Posso reafirmar que hoje após 6 meses de guarda em garrafa comigo, o Chardonnay se paresentou muito mais vivo do que me lembrava da degustação no evento Paladar.
Se este vinho agüenta mais 6 meses eu não sei, mas quem tem alguma garrafa e quiser guarda-la, eu arriscaria, pois devido sua boa acidez, creio que agüente ao menos este período sem problemas.Depois me avise sobre o resultado.
Para quem não é preconceituoso e gosta de sensações novas, em matéria de vinhos, o Danielle sabe o que faz, e eu fico devendo sobre o Pinot Noir que tenho guardado!
Marco Danielle-projeto Tormentas
http://www.tormentas.com.br/.
Até o próximo brinde!

Álvaro Cézar Galvão

7 comentários:

Daniel Perches disse...

Álvaro, que interessante ler sobre esses vinhos. Tenho bastante vontade de provar. Venho tentando comprar os vinhos deles há algum tempo e sua matéria me fez lembrar e retomar o contato com eles. Espero conseguir degustar em breve e depois compartilho com você as minhas impressões.
Um abraço
Daniel

Álvaro Cézar Galvão disse...

Daniel, uma coisa eu garanto:Não irá se arrepender.
Procure a Sonia
madamedovinho@terra.com.br

Abraços de luz e calor
Álvaro Cézar Galvão

Eugênio Oliveira disse...

Caro Álvaro, voltamos a falar do polêmico Chardonnay Zero So2.O vinho não é para iniciantes ou iniciados em brancos, e sim para faixa preta, já familiarizado com brancos naturais do Loire (tipo Claude Courtois),vinhos do Jura ou mesmo borgonhas sem S02 como do Domaine Valette. Quem abrir uma garrafa dessas influenciado pelo nome Chardonnay escrito na garrafa, vai se decepcionar.Aromas fortes de resina, no início, assustam, juntamente com a cor turva, levam a crer em um vinho defeituoso. Com o passar do tempo evoluem para cera de abelha e outros aromas exóticos não encontrados com frequência nos vinhos brancos. Quero dizer que esse tipo de vinho, na minha opinião, não tem mercado (acho que na opinião do Marco também não, tanto que ele fez poucas garrafas)mas que agradam meu paladar, assim como o Cave Ouvidor Peverella e o Era dos Ventos. Você conhece esses dois vinhos? Fiz uma postagem do Cave Ouvidor no meu site (postagem do dia 07/01/10)e do Era dos Ventos vou colocar nessa ou no máximo semana que vem.
Um abraço.
Eugênio.

Álvaro Cézar Galvão disse...

Eugênio, concordo que estes vinhos são para os mais exerientes, porém, se não falamos deles e damos uma opinião, nunca chegaremos aos vinhos naturais, e voltei ao vinho, pois tinha dúvidas de sua evolução em garrafa, e acabei me encantando mais ainda.
O Cave do Ouvidor Peverella, eu conheço, mas o Era dos Ventos não.
Mande sempre o endereço do seu site, para divulgação.
Obrigado pela sempre oportuna e esclarecedora intervenção, é para isso que este espaço democrático existe.
Abraços de luz e calor
Álvaro Cézar Galvão

Eugênio Oliveira disse...

Álvaro, obrigado pelas palavras e concordo com você, se não se falar nesses vinhos nunca chegaremos aos vinhos naturais. Como te disse estarei postando amanhã sobre o Era dos Ventos, o que você achou do Cave Ouvidor Peverella? tomou o tinto também?

www.decantandoavida.com.br

Álvaro Cézar Galvão disse...

A cepa Peverella já foi muito plantada no sul, mas deixou de se-lo, e acredito que só alguns muito poucos, como Cave do Ouvudor é que a vinifiquem.
Tomei o tinto.
Abraços de luz
Álvaro Cézar Galvão

Álvaro Cézar Galvão disse...

Faltou completar o post anterior, pois ficou sem sentido:
Tomou o tinto, significa o que citou? o Era dos Ventos?
Se assim for, este não conheço!
Desculpe-me a falha anterior, e o envio sem a devida correção.
Álvaro