quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Douro Boys, ou De Ouro Boys, ou Do Douro Boys, não importa a nomenclatura, mas que são de ouro, do Douro, isso são.



Meninas e meninos,

Em uma das mais concorridas degustações e master class deste ano, os assim denominados Douro Boys, estiveram reunidos pela primeira vez no Brasil.
Como dizia o release sobre o evento, os “Douro Boys” não são uma banda de música pop, como o nome pode parecer, mas um grupo de amigos e familiares proprietários de cinco prestigiadas vinícolas do Douro: Quinta do Vallado, Niepoort, Quinta do Crasto, Quinta do Vale Dona Maria e Quinta do Vale Meão. Em 2002, eles decidiram se associar informalmente para promover a região, seus vinhos de alta qualidade e, claro, para se divertirem.
Diversão e ensinamentos, foi o que eu particularmente recebi deles na degustaçao comentada que fizeram, em um ambiente de primorosa organização, onde aqui cabe um parabéns pelo eficente, impecável e agradável evento, onde facilmente se contavam mais de 80 pessoas.
Falar destes vinhos ícones é complicado, pois todos são, cada um ao seu estilo, muito elegantes, e vinhos de alta gama.
De todos os vinhos, entre brancos e tintos, o Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2009 me encantou, estava soberbo, com especiarias, frutas e mineral ao olfato. Acidez perfeita, certo cítrico até em boca, confirmando frutas e especiarias. Pedindo comida, logo lembrei de cabrito assado....
O Redoma Reserva Branco 2009 da Nieport; o Quinta Vale D.Maria; o Quinta do Vallado Reserva Field Blend 2008 e o Batuta 2008 também são vinhos que não deixam ninguém desgostoso. Sem falar dos Porto Vintage 2008 Quinta do Vallado e Quinta do Vale Meão, e o 2007 Nieport.
Este grupo representa a modernidade e a revolução na enologia do Douro, já que buscam a renovação de vinhos seculares, porém respeitando as características desta tradicional região, a primeira demarcada no mundo.
Participarm do evento João Ferreira (Quinta do Vallado), José Teles (Quinta de Napolés, Niepoort), Tomás Roquette (Quinta do Crasto), Cristiano van Zeller (Quinta Vale D. Maria) e Francisco ‘Xito’ Olazabal (Quinta do Vale Meão).
Um pouco de cada vinícola:
-Quinta do Vallado
As primeiras referências à Quinta do Vallado datam de 1716. A propriedade foi vendida em 1818 para António Bernardo Ferreira, tio e sogro da futura Dona Antónia Adelaide Ferreira (1811-1896). Ficando viúva muito cedo, ela demonstrou enorme talento e entusiasmo na gestão das suas propriedades e se transformou em uma das personalidades mais importantes da história da região do Douro.
Há seis gerações, a Quinta situada ao longo das margens do rio Corgo, próxima à foz com o rio Douro – é gerida pela família Ferreira, estando hoje no comando Guilherme Álvares Ribeiro, seu filho João e o sobrinho Francisco Ferreira.
Em 1995, a Quinta passou a vinificar suas próprias uvas e comercializar os vinhos produzidos. Com o apoio do professor Nuno Magalhães, as vinhas foram reestruturadas e o jovem Francisco Olazabal, proprietário da Quinta Vale Meão e familiar de Dona Antónia, se tornou o responsável pela enologia da propriedade.
Hoje, a Quinta do Vallado possui uma área com 67 hectares, destes, 50 hectares são de vinhas novas e 17 hectares das melhores parcelas de vinhas velhas preservadas. Um simpático hotel rural foi inaugurado em 2004 na casa principal.
-Niepoort: Quinta de Nápoles e Quinta do Carril
Fundada em 1842, a empresa de Vinho do Porto Niepoort só adquiriu suas primeiras vinhas em 1987, quando Dirk Niepoort se juntou ao seu pai Rolf no comando dos negócios. Até esta época, a Niepoort era uma tradicional firma de Porto: comprava os vinhos de lavradores do Douro, os envelhecia, loteava e então os comercializava a partir de suas caves em Vila Nova de Gaia.
Para controlar a qualidade dos vinhos desde o princípio, Dirk van der Niepoort comprou a Quinta de Nápoles, no Cima Corgo, na margem esquerda do rio Têdo, com referências que datam ao ano de 1496. Um ano depois, a Niepoort adquiriu a Quinta do Carril, situada na outra margem do rio Têdo.
Como complemento aos primeiros Portos provenientes de uvas próprias, Dirk começou a produzir vinhos de mesa. Em 1990, vinificou pela primeira vez um tinto, a que chamou Robustus. Com poderosos taninos e acentuada acidez, muitas provas o consideraram “imbebível”. O vinho não foi lançado no mercado e só 10 anos mais tarde foi redescoberto com entusiasmo.
Dirk vinificou o Redoma tinto a partir de uvas colhidas em 1991. O Redoma branco foi lançado em 1995, seguido por um rosé com o mesmo nome em 1999, ano em que também chegou ao mercado o primeiro Batuta, que rapidamente se transformou em um vinho de culto em Portugal. -Quinta do Crasto
Dirigida pela família Roquette, a Quinta do Crasto é mencionada em documentos que datam de 1615. Constituída por 130 hectares, dos quais 70 são de vinhas tipo “A”, está localizada na margem direita do rio Douro, entre Régua e Pinhão. Na vinícola, a tradição e a modernidade coexistem com sucesso.
Nos patamares antigos da Quinta, as vinhas velhas, de castas variadas, têm até 90 anos de idade. A partir de 1981, vinhas novas foram plantadas em tradicionais patamares e algumas vinhas ao alto, utilizando as principais castas do Douro (Tinta Roriz, Touriga francesa, Tinta barroca, Tinto cão e Touriga francesa). Na adega, os velhos lagares de granito estão equipados com sistemas de controle de temperaturas, cubas em aço inox de pequenas dimensões e prensas pneumáticas.
Jorge Roquette também investiu na constituição de um estoque de vinho do Porto, tendo armazenado durante toda a década de 80 alguns dos seus melhores vinhos, de maneira a cumprir os regulamentos de uma quinta exportadora de Porto.
Em 1994, o enólogo australiano Dominic Morris começou a trabalhar com a família Roquettte na vinificação de vinhos tintos. No mesmo ano, a Quinta do Crasto produziu, na nova adega, o seu primeiro tinto, que era constituído por 80% de Tinta Roriz e 20% de Touriga francesa.
Atualmente, Tomás Roquette é o responsável pela gestão da Quinta e pela produção de Vinho do Porto e Miguel Roquette atende pelas vendas e marketing.
-Quinta do Vale Dona Maria
Cristiano van Zeller deixou a Quinta do Noval em 1993, quando ela foi vendida para a AXA Millésime. Em 1995, ele comprou a sua primeira vinha (Quinta de Vale da Mina) e um ano depois, adquiriu a Quinta do Vale Dona Maria, que há mais de 200 anos pertencia à família da sua mulher.
Situada no vale do rio Torto, no coração do Douro, e constituída por 10 hectares de vinha, com Tinta Amarela, Rufete, Tinta barroca, Tinta Roriz, Touriga Francesa, Touriga Nacional, Sousão e muitas outras com mais de 50 anos. Embora precisasse de muito trabalho de renovação e reconstrução, Cristiano van Zeller enxergava grande potencial na Quinta.
Mesmo 1996 não tendo sido um ano excepcional, os Portos e tintos produzidos na Quinta Vale Dona Maria revelaram-se de grande qualidade, com enorme concentração e magníficos taninos. Evoluíram com elegância após maturação em madeira, apresentando harmonia e um final longo. A reação favorável do mercado levou Cristiano a iniciar um plano de investimento para os 15 anos seguintes, a fim de renovar as vinhas e restaurar toda a Quinta, que hoje tem uma área de 21 hectares de vinha (3,5 hectares foram plantados em 2004, 1,5 hectares em 2007 e outros 6 hectares de vinhas velhas foram recentemente comprados).
A Quinta Vale Dona Maria é uma marca de sucesso desde a colheita de 1997. Todos os vinhos tintos são pisados a pé, em lagares com controle de temperatura, sendo a fermentação terminada em cubas de aço inox. Os vinhos, de cor carregada e enorme concentração, são caracterizados por taninos maduros e suaves, com um final muito frutado. Os vinhos envelhecem 12 a 24 meses em barricas de carvalho francês. Eles não são filtrados ou, se o são, muito ligeiramente, antes do engarrafamento.
A jovem enóloga Sandra Tavares da Silva é responsável pela qualidade dos vinhos na Quinta do Vale Dona Maria.
-Quinta do Vale Meão
Última obra da legendária Dona Antónia Adelaide Ferreira, que em 1877, comprou os 270 hectares de terra e construiu a casa da Quinta, começando também com a plantação das vinhas. Atualmente, a Quinta pertence ao seu trineto Francisco Olazabal, antigo presidente da empresa A.A. Ferreira, a quem costumava vender as uvas todos os anos. Em 1998, Francisco (Vito) Olazabal tornou-se num produtor independente, deixou a empresa Ferreira e começou a desenvolver o seu projeto em conjunto com o seu filho Francisco (Xito) de Olazabal.
Com esse propósito, deu início à renovação dos impressionantes e centenários armazéns, com paredes duplas de granito e bonitos tetos em madeira de castanho, equipando-os também com a mais moderna tecnologia. Todos os trabalhos foram cuidadosamente planeados e executados de maneira a evitar qualquer estrago na arquitetura do edifício. Os antigos lagares de granito foram reativados, mas em versão menor.
As vinhas estão plantadas em 67 hectares, em solos de ardósia, granito e gravilha de aluvião. Esta diversidade de solos é pouco usual na região do Douro e contribui para a complexidade dos seus vinhos. As vinhas estão dividas da em Touriga Nacional (40%), Tinta Roriz (30%), Touriga Francesa (15%), Tinta Amarela (5%), Tinta Barroca (5%) e Tinto Cão (5%).
http://www.douroboys.com/






Até o próximo brinde!


Álvaro Cézar Galvão

2 comentários:

Luiz Pires disse...

Caro Alvaro,

conheço o Douro Boys a algum tempo apenas por nome, muito boa e ilucidativa seus comentários.Deu agua na boca, gostaria muito de ter participado. Já fiz uma visita a Quinta do Vale Meão e foi inesquecível. Almoçamos na caasa de Dona Ferreirinha. Por curiosidade, aonde se deu este evento?Parabens e um grande abraço

Luiz Marsaioli

Álvaro Cézar Galvão disse...

Luiz, como vai?
Estive no Pobre Juan para uma degustação dos vinhos Riglos, mas você estava em férias.Parece que não querem que nos vejamos.
O evento dos Douro Boys ocorreu no Rubaiyat da F.Lima.
Continue a intergei, suas opiniões são muito importantes.
Abraços de luz
Álvaro Cézar Galvão