sexta-feira, 27 de abril de 2012

Carta aberta assinada pelas entidades ABBA; ABRABE E ABRAS


Meninas e meninos,
Recebi esta carta aberta, que figura na ilustração deste texto, onde as entidades ABBA (Associação Brasileira dos Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas), a ABRABE (Associação Brasileira de Bebidas) e a ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados) se posicionam a respeito do pedido de salvaguardas contra a importação de vinhos.
Recém terminada a Expovinis, a maior feira de vinhos das Américas, onde colhi várias opiniões de produtores Brasileiros e estrangeiros, importadores e profissionais ligados ao setor, verifiquei que se para alguns está bem clara a medida, para muitos ainda pairam muitas dúvidas.
Eu tenho reiterado que além da minha discordância de qualquer medida impeditiva de livre escolha e competição, o que mais me preocupa, e que quase ninguém vem dando crédito, são as contrapartidas assumidas por quem pediu a salvaguarda e que me parece muito difícil de ser cumprida, me levando a crer que para a esmagadora maioria de vitivinicultores será impossível, devido ao tamanho médio das propriedades.
Vejam resumidamente os tópicos que sempre me chamaram a atenção: 

-Em 3 anos acrescer 1500 ha em novas regiões vinícolas, significando aumento de 49% em relação à área em 2010, isto para vinhos finos.

-Aumentar produtividade média por hectare nas novas áreas plantadas de 8000 Kg para 11000 kg, aumento de 37%.

-Praticar nas novas regiões custos de produção 35% inferiores às das áreas tradicionais.

-Reduzir o custo da matéria prima uva em 15% em 3 anos e em 25% até 8 anos

-Incentivar através de seminários e divulgação institucional as reais vantagens de fusões de empresas.

-Investir R$ 15.000.000,00 em mkt institucional Vinhos do Brasil em 3 anos, a seguir até 8 anos mais R$ 25.000.000,00 em mkt institucional com a marca Vinhos do Brasil.
Espero que o bom senso prevaleça e as livres iniciativa e concorrência, possam levar o setor a competir, e competindo ao ganho real, de eficiência e acima de tudo, eficácia.
Até o próximo brinde!

Álvaro Cézar Galvão


4 comentários:

Affonso disse...

Me parece que a ideia é beneficiar os grandes produtores apenas, deixando-os protegidos da competição chilena e européia, e dando condições para internamente esmagarem os produtores médios e pequenos.

Adolfo Lona disse...

Prezado Álvaro:
Acredito que as medidas que seriam tomadas caso sejam implementadas as salvaguardas, são totalmente contrárias ao que a prudência recomenda nesses casos.
Aumentar áreas em novas regiões até um total de 3.000 há em oito anos, aumentar a produtividade de 8 para 11 mil quilos por hectare, diminuir os custos de produção aumentando a produtividade e promover a fusão de empresas parecem ações que em conjunto e associadas, levarão à concentração da produção em grandes corporações que buscarão a competitividade na economia de escala em demérito da qualidade.
Acho que o Brasil precisa exatamente o contrário, diminuir a produtividade buscando o ganho qualitativo, estimular o surgimento de vinícolas familiares, regionais, porque somente através delas as regiões encontrarão a verdadeira vocação produtiva, castas, tipos de vinho, etc. e consolidarão a cultura da uva e do vinho nelas. São as pequenas vinícolas que agregam valor ao produto nacional.
É engraçado que não seja proposta nenhuma ação direcionada a normatizar a produção de uvas e vinhos. A Lei de Vinhos do Brasil é antiga, totalmente omissa e pouco direcionada a estimular a qualidade.
Em fim, sem me alongar mais, deixo a minha preocupação por este desvio que está próximo a acontecer se nada for feito.
Grande abraço
Adolfo Lona

Adolfo Lona disse...

Prezado Álvaro:
Acredito que as medidas que seriam tomadas caso sejam implementadas as salvaguardas, são totalmente contrárias ao que a prudência recomenda nesses casos.
Aumentar áreas em novas regiões até um total de 3.000 há em oito anos, aumentar a produtividade de 8 para 11 mil quilos por hectare, diminuir os custos de produção aumentando a produtividade e promover a fusão de empresas parecem ações que em conjunto e associadas, levarão à concentração da produção em grandes corporações que buscarão a competitividade na economia de escala em demérito da qualidade.
Acho que o Brasil precisa exatamente o contrário, diminuir a produtividade buscando o ganho qualitativo, estimular o surgimento de vinícolas familiares, regionais, porque somente através delas as regiões encontrarão a verdadeira vocação produtiva, castas, tipos de vinho, etc. e consolidarão a cultura da uva e do vinho nelas. São as pequenas vinícolas que agregam valor ao produto nacional.
É engraçado que não seja proposta nenhuma ação direcionada a normatizar a produção de uvas e vinhos. A Lei de Vinhos do Brasil é antiga, totalmente omissa e pouco direcionada a estimular a qualidade.
Em fim, sem me alongar mais, deixo a minha preocupação por este desvio que está próximo a acontecer se nada for feito.
Grande abraço
Adolfo Lona

Álvaro Cézar Galvão disse...

Afonso e Lona.
Assim como vocês penso o mesmo, e por isso tenho chamado a atenção dos colegas jornalistas e produtores, que mais danosa do que o protecionismo exacerbado com cargas tributárias maiores e cotas limitantes são estas medidas de contrapartida.
Quais regiões novas e aonde seriam estas? Com dinheiro de todos, mas para uns 3 ou 4?
Aumentar produtividade para os vinhos finos?
Melhoras os padrões, porque não o fizeram, ou fazem isso com o que já têm?
Amigos, a coisa está muito mal explicada, e em minha opinião, oculta pormenores sabidos por poucos e não revelados para os mais de 1200 filiados às entidades do setor, né não?
Por isso mesmo, atrelei à carta aberta, novamente o alerta sobre as contrapartidas.
Abraços de luz