Meninas e meninos,
Fui convidado pelos meus amigos Paulo Greca e Rogério Goulart, para uma das degustações mais interessantes em que pude comparecer.
Trata-se dos vinhos feitos ainda por pisa a pé da vinícola Reliquiae Vini (relíquias de vinho) do ainda pouco conhecido para nós, Vilmar Bettú.
A estória começa com o ano de 1999 quando Vilmar ainda era vendedor da vinícola Reserva da Cantina, que tinha entre seus cotistas seu cunhado, seu irmão Orgalindo Bettú, hoje conhecido enólogo da Villa Francioni (vinícola de prestígio em São Joaquim, Santa Catarina), que à época trabalhava na Cooperativa Vinícola Aurora e Ivair (hoje desligado da Reliquiae Vini).
Juntos, resolveram elaborar um bom vinho para que pudessem beber, apesar de os Bettú já terem pequena produção própria.
Estrada Geral São Gabriel, sem número, na qual a família Bettú está instalada desde 1886, é o endereço desta “relíquia”.
Vilmar Bettú, engenheiro mecânico de 61 anos, atualmente leciona Física na rede estadual de ensino e é quem dirige a propriedade “vitivinícola dos Bettú”. Orgalindo atua como consultor, em virtude de seus afazeres como enólogo em Santa Catarina.
Trabalham ainda a esposa de Vilmar, Salete Carraro Bettú, e as filhas Catenca e Larissa.
Cinco mil garrafas é a produção de vinhos, contando com cerca de 30 variedades de uva (como as pouco plantadas e conhecidas por aqui, Rebbo (um cruzamento entre Merlot e Teroldego) Arinarnoa, Touriga Nacional, Garganega e Nebbiolo, e também Merlot, Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Malvasia di Candia).
“Uva boa pode dar vinho ruim, mas nunca uva ruim vai dar vinho bom" diz Vilmar citando um velho ditado.
“Não temos metas quantitativas, colhemos as uvas com 20 graus babo, e daí por diante, na transformação da uva em vinho, os cuidados se dão em todas as etapas, com a extração do mosto por meio da técnica de esmagamento das uvas com os pés”, também não temos recursos para comprar uma prensa pneumática, além do que não teria sentido fazer um investimento tão alto para uma produção tão reduzida; utilizando outros equipamentos, o esmagamento não resultaria em um produto com o padrão de qualidade que estabelecemos “, afirma Bettú. Como curiosidade, todos os seus vinhos apresentam o mesmo rótulo, fator gerador de economia, mudando-se somente o nome das uvas.
Chardonnay 2006, sem nenhuma madeira, que após algum tempo na taça, começou apresentar pequeno amargor no final de boca, mas nada comprometedor.
Cabernet Franc 2003, frutado, com um oxidado gostoso, lembrando vinho fortificado, que viria à descobrir após outros rótulos, ser quase uma característica de sues vinhos.
Corte Bordalês “D” 2002, o mais completo, tanto no nariz, como em boca, e quanto mais descansava na taça, mais abria seu perfume.
Marselan 2005, esta uva é um cruzamento da Grenache preta com Cabernet Sauvignon, apresentando o oxidado gostoso que senti em quase todos os rótulos.
Rebbo 2005, o cruzamento da Merlot com Teroldego, feito por Rebbo Rigotti, que apesar da tanicidade ainda presente, me agradou e muito. Aguardem mais uns dois anos este vinho e me digam depois.
Tannat 2003/2004, com 30% do Tannat 2003 com 15 meses de passagem por madeira de 1ºuso; 36% Tannat 2003 em tanque de aço; 34% Tannat 2004 com 12 meses em madeira usada.Vinho também muito bom e o único dos tintos que a mim não apresentou o oxidado de que tanto gostei.
Malvasia de Cândia Licoroso 2005, com uvas parcialmente passificadas, que me pareceu pouco ácido em relação ao dulçor, tornando-o mais um vinho de sobremesa, que de meditação.
Os vinhos do Bettú me agradaram muito, pena que sua produção os torne raros e mais caros, mas são vinhos que merecem ser provados, por seu esmero na vinificação, pela originalidade de aromas e paladar que apresentam.
Obrigado pela oportunidade do agradável evento, e por mais esta etapa de conhecimento a mim proporcionado.
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