Meninas e meninos,
Para fazer jus ao que vemos, nós que trabalhamos com o vinho todos os dias, o IBRAVIN, com o teste cego que já comentei, extraiu uma definição de enófilo bem humorada, baseada nos resultados do teste:
“Enófilo: adj. homem e mulher que gostam de vinho. Tendem a ter olfato apurado e paladar aguçado. No Brasil, a espécie apresenta comportamento peculiar: no seu habitat, pedem vinho importado".
Isso se explica pelo fato dos brasileiros consumirem 80% de vinhos de outros países e apenas 20% de rótulos nacionais. Curioso é que o mesmo percentual foi gerado pela degustação de vinhos brasileiros, que foram confundidos com importados por 80% das pessoas ouvidas.
Conclusão: às cegas, o preconceito contra o produto verde-amarelo some e a qualidade dos nossos vinhos é comparada a de tradicionais países produtores, como França, Itália, Portugal, Chile e Argentina.
Vejam novamente no site abaixo
http://www.saca-rolhas.com/2010/07/enofilo.htm
Para relembrar aos que sabem, e para mostrar aos que ainda não sabem, no Brasil temos um consumo muito baixo, cerca de 2litros/hab/ano, consumo total de vinhos, considerando-se aí os vinhos de mesa, que chegam a quase 90% deste índice.
Este quantitativo em litros pode ser facilmente elevado se todos prestarmos mais atenção ao vinho, principalmente aos vinhos finos!
Um pouco de História, que nos foi enviada pela assessoria de imprensa do IBRAVIN.
O cultivo de uvas no Brasil começou junto com o nascimento do País. Descoberto em 1500, o “Monte Pascoal” demorou 11 anos até ser batizado de Brasil, nome inspirado na árvore chamada “pau-brasil”. Mas foi somente em 1530, com a vinda de uma expedição colonizadora comandada por Martin Afonso de Souza que o Brasil realmente passou a existir para a coroa portuguesa e para o mundo. Foi nesta data que, de fato, começou a ser contada a história do Brasil, junto com a primeira página da produção de uvas e vinhos verde-amarelos. As idas e vindas desta saga lembram o roteiro de um drama.
Foi o próprio Martin Afonso de Souza que trouxe as primeiras mudas de uvas aos trópicos. Em 1532, as primeiras videiras foram plantadas por ele na Capitania de São Vicente (região sudeste do País). As variedades de uva originárias de Portugal e Espanha eram da qualidade Vitis vinifera, próprias para a produção de vinhos. As tentativas de cultivo, contudo, não frutificaram, devido ao clima e solo das regiões sudeste e nordeste onde foram inicialmente introduzidas. Brás Cubas, fundador da cidade de Santos, também tentou implantar suas videiras, mas igualmente não teve sucesso.
Um novo impulso ocorreu com a chegada dos Padres Jesuítas, em 1626, à região das Missões, e dos imigrantes alemães, que trouxeram castas européias e obtiveram bons resultados no Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul.
As tentativas de implantar uma produção de uva e vinho seguiram até Portugal proibir, em 1789, o plantio de videiras no Brasil. Com claro objetivo de proteger a sua produção de uvas, os portugueses acabaram inibindo completamente o cultivo e comercialização de vinho no País. A vitivinicultura brasileira permaneceu longos anos como uma atividade privada e doméstica.
A vontade de produzir vinhos, porém, não ficou adormecida. Em 1840, o comerciante Thomas Master trouxe videiras americanas, das espécies Vitis labrusca e Vitis bourquina (variedades Concord e Isabel, hoje a mais plantada no RS), e iniciou o plantio na Ilha dos Marinheiros, em Rio Grande.
Aliás, as videiras de origem americana, principalmente as cultivares de Vitis labrusca, estão no centro da vitivinicultura brasileira. O maior sucesso foi atingido pela “Isabel”, como uva para a elaboração de vinho, e “Niágara Branca” e “Niágara Rosada”, como uvas de mesa.
Marco histórico
O ano 1875 é simbólico para a vitivinicultura brasileira. Foi nesta data que desembarcaram no Brasil milhares de imigrantes italianos, carregando na bagagem a esperança de uma vida melhor no novo mundo, como também videiras recolhidas da região do Vêneto, na Itália.
Além das vinhas, os italianos trouxeram a sua cultura de produção e consumo de vinhos. As raízes deste modo de viver, em torno da uva e do vinho, se disseminaram rapidamente pela serra gaúcha. Contudo, mais uma vez, o desenvolvimento da vitivinicultura brasileira foi interrompido pelo ataque de doenças, que dizimaram grande parte das videiras plantadas.
A alternativa foi procurar uma variedade mais resistente. E a cepa Isabel, amplamente cultivada pelos imigrantes alemães no Vale do Rio dos Sinos, foi a saída encontrada para a retomada e o desenvolvimento do plantio de uvas no Estado e, posteriormente, em outras regiões do País. A uva Isabel é a base da viticultura brasileira desde o final do século 19 até hoje.
O surgimento de remédios (fungicidas sintéticos) para controlar o ataque de fungos, na metade do século 20, permitiu a retomada do cultivo de videiras européias, sobretudo no Rio Grande do Sul, paralelamente à difusão da uva “Itália”, em São Paulo.
Virada – modernização
A década de 80 representa uma virada na produção de vinho no Brasil. É a partir deste período que começa a ocorrer a reconversão de vinhedos (troca do sistema latada por espaldeira), passando ao cultivo de variedades européias da espécie Vitis vinifera – base para a elaboração de vinhos de alta qualidade. É nesta época que começa uma efetiva profissionalização do plantio e das técnicas enológicas nas vinícolas.
No início do século 20, a atividade passa a ter um foco comercial. Outras regiões passam a ter importância na produção de vinhos do Brasil, como o Vale do São Francisco, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e novas fronteiras no principal pólo da vitivinicultura nacional, o Rio Grande do Sul.
O crescimento da qualidade é notório nos últimos 15 anos da produção brasileira de vinhos, com destaque reconhecido internacionalmente para a elaboração de espumantes no Vale dos Vinhedos.
A adaptabilidade, a persistência e a coragem são características presentes em toda a história da viticultura brasileira. E dão a certeza de que estamos apenas no começo de uma obra repleta de bons frutos.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão
Para fazer jus ao que vemos, nós que trabalhamos com o vinho todos os dias, o IBRAVIN, com o teste cego que já comentei, extraiu uma definição de enófilo bem humorada, baseada nos resultados do teste:
“Enófilo: adj. homem e mulher que gostam de vinho. Tendem a ter olfato apurado e paladar aguçado. No Brasil, a espécie apresenta comportamento peculiar: no seu habitat, pedem vinho importado".
Isso se explica pelo fato dos brasileiros consumirem 80% de vinhos de outros países e apenas 20% de rótulos nacionais. Curioso é que o mesmo percentual foi gerado pela degustação de vinhos brasileiros, que foram confundidos com importados por 80% das pessoas ouvidas.
Conclusão: às cegas, o preconceito contra o produto verde-amarelo some e a qualidade dos nossos vinhos é comparada a de tradicionais países produtores, como França, Itália, Portugal, Chile e Argentina.
Vejam novamente no site abaixo
http://www.saca-rolhas.com/2010/07/enofilo.htm
Para relembrar aos que sabem, e para mostrar aos que ainda não sabem, no Brasil temos um consumo muito baixo, cerca de 2litros/hab/ano, consumo total de vinhos, considerando-se aí os vinhos de mesa, que chegam a quase 90% deste índice.
Este quantitativo em litros pode ser facilmente elevado se todos prestarmos mais atenção ao vinho, principalmente aos vinhos finos!
Um pouco de História, que nos foi enviada pela assessoria de imprensa do IBRAVIN.
O cultivo de uvas no Brasil começou junto com o nascimento do País. Descoberto em 1500, o “Monte Pascoal” demorou 11 anos até ser batizado de Brasil, nome inspirado na árvore chamada “pau-brasil”. Mas foi somente em 1530, com a vinda de uma expedição colonizadora comandada por Martin Afonso de Souza que o Brasil realmente passou a existir para a coroa portuguesa e para o mundo. Foi nesta data que, de fato, começou a ser contada a história do Brasil, junto com a primeira página da produção de uvas e vinhos verde-amarelos. As idas e vindas desta saga lembram o roteiro de um drama.
Foi o próprio Martin Afonso de Souza que trouxe as primeiras mudas de uvas aos trópicos. Em 1532, as primeiras videiras foram plantadas por ele na Capitania de São Vicente (região sudeste do País). As variedades de uva originárias de Portugal e Espanha eram da qualidade Vitis vinifera, próprias para a produção de vinhos. As tentativas de cultivo, contudo, não frutificaram, devido ao clima e solo das regiões sudeste e nordeste onde foram inicialmente introduzidas. Brás Cubas, fundador da cidade de Santos, também tentou implantar suas videiras, mas igualmente não teve sucesso.
Um novo impulso ocorreu com a chegada dos Padres Jesuítas, em 1626, à região das Missões, e dos imigrantes alemães, que trouxeram castas européias e obtiveram bons resultados no Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul.
As tentativas de implantar uma produção de uva e vinho seguiram até Portugal proibir, em 1789, o plantio de videiras no Brasil. Com claro objetivo de proteger a sua produção de uvas, os portugueses acabaram inibindo completamente o cultivo e comercialização de vinho no País. A vitivinicultura brasileira permaneceu longos anos como uma atividade privada e doméstica.
A vontade de produzir vinhos, porém, não ficou adormecida. Em 1840, o comerciante Thomas Master trouxe videiras americanas, das espécies Vitis labrusca e Vitis bourquina (variedades Concord e Isabel, hoje a mais plantada no RS), e iniciou o plantio na Ilha dos Marinheiros, em Rio Grande.
Aliás, as videiras de origem americana, principalmente as cultivares de Vitis labrusca, estão no centro da vitivinicultura brasileira. O maior sucesso foi atingido pela “Isabel”, como uva para a elaboração de vinho, e “Niágara Branca” e “Niágara Rosada”, como uvas de mesa.
Marco histórico
O ano 1875 é simbólico para a vitivinicultura brasileira. Foi nesta data que desembarcaram no Brasil milhares de imigrantes italianos, carregando na bagagem a esperança de uma vida melhor no novo mundo, como também videiras recolhidas da região do Vêneto, na Itália.
Além das vinhas, os italianos trouxeram a sua cultura de produção e consumo de vinhos. As raízes deste modo de viver, em torno da uva e do vinho, se disseminaram rapidamente pela serra gaúcha. Contudo, mais uma vez, o desenvolvimento da vitivinicultura brasileira foi interrompido pelo ataque de doenças, que dizimaram grande parte das videiras plantadas.
A alternativa foi procurar uma variedade mais resistente. E a cepa Isabel, amplamente cultivada pelos imigrantes alemães no Vale do Rio dos Sinos, foi a saída encontrada para a retomada e o desenvolvimento do plantio de uvas no Estado e, posteriormente, em outras regiões do País. A uva Isabel é a base da viticultura brasileira desde o final do século 19 até hoje.
O surgimento de remédios (fungicidas sintéticos) para controlar o ataque de fungos, na metade do século 20, permitiu a retomada do cultivo de videiras européias, sobretudo no Rio Grande do Sul, paralelamente à difusão da uva “Itália”, em São Paulo.
Virada – modernização
A década de 80 representa uma virada na produção de vinho no Brasil. É a partir deste período que começa a ocorrer a reconversão de vinhedos (troca do sistema latada por espaldeira), passando ao cultivo de variedades européias da espécie Vitis vinifera – base para a elaboração de vinhos de alta qualidade. É nesta época que começa uma efetiva profissionalização do plantio e das técnicas enológicas nas vinícolas.
No início do século 20, a atividade passa a ter um foco comercial. Outras regiões passam a ter importância na produção de vinhos do Brasil, como o Vale do São Francisco, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e novas fronteiras no principal pólo da vitivinicultura nacional, o Rio Grande do Sul.
O crescimento da qualidade é notório nos últimos 15 anos da produção brasileira de vinhos, com destaque reconhecido internacionalmente para a elaboração de espumantes no Vale dos Vinhedos.
A adaptabilidade, a persistência e a coragem são características presentes em toda a história da viticultura brasileira. E dão a certeza de que estamos apenas no começo de uma obra repleta de bons frutos.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão
2 comentários:
Caro Álvaro,
Eu sempre acho estas estatísticas um pouco tendenciosas demais.
Os dados de 2005 da Embrapa revelam que do total de vinhos produzidos no Brasil, somente 17% são vinhos finos. Confrontado com os dados da Uvibra de comercialização, vemos que, entre os vinhos finos, o Brasil representa 36% do mercado, enquanto os importados 64%. Mas comparando os dados, verificamos que as vinícolas nacionais somente conseguiram comercializar 50% dos volume, em relação ao produzido. Ou seja, o Brasil importa, de fato, menos vinho fino do que produz. Mas o mercado é de longe liderado pelos vinhos comuns, que no total, representam mais de 80% do mercado e não tenho notícia de excedentes destes vinhos.
Importante, para essa análise, excluí as uvas destinadas a produção de sucos e outros derivados, bem como para consumo in natura.
Enfim, o principal concorrente do vinho fino nacional é o próprio vinho nacional.
Luciano tudo bem?
Obrigado por contribuir, e de fato, concordo com você sobre as estatísticas, pois como engenheiro, sempre tive que mencionar o universo pesquisado.
Mas sem entrar no mérito, vejo que o que mais induz a erro é a metodologia, que via de regra, também não é mencionada, e neste caso nem o universo pesquisado nem a metodologia são descritos.
Quando temos um número tão baixo de consumo de vinhos em geral, e que deste percentual, o grosso é de vinhos de mesa, podemos nos sentir incomodados, nós que sabemos que vinho é alimento, que quando bebido com moderação e em conjunto com alimentação é benéfico à saúde da gengiva, da mucosa bucal, do coração e suas artérias, do sistema imunológico, enfim.Mesmo que os números não se encaixem muito bem( já concordamos com isso), vamos à luta para esclarecermos que os vinhos, principalmente os finos no Brasil, precisam ser consumidos. Você, como técnico no assunto deve ficar ainda mais aborrecido com os números e está corretíssimo.
Mais uma vez obrigado.
Abraços de luz
Álvaro Cézar Galvão
Postar um comentário