Todas as vezes que tenho a oportunidade de me confrontar com uma degustação vertical, ou seja, aquela que é feita com várias safras de um mesmo vinho, tomo a ocasião como um grande aprendizado.
Aprendizado este, aliado muitas vezes ao explícito conceito ideário do enólogo, que por vezes vai mudando o corte do vinho em questão, claro que quando este não é um varietal, em virtude de suas pesquisas e das safras, melhores ou piores para cada cepa envolvida.
Com a sempre competente assessoria da Cristina Neves e da não menos competente ajudante de ordens Ariana Viana, a oportunidade de verificar as mudanças e nuances originadas pelas diferentes safras do Rivalta, vinho ícone da Bodega Santa Ema, que no Brasil é importado pela Vinoteca Brasil, dos amigos Juarez e Fernando, feita a explanação pelo enólogo da casa o Andrés Sanhueza, já meu conhecido, se fez em clima de festa, pois reuniu amigos jornalistas e alguns clientes da Vinoteca para a ocasião.
O diretor e proprietário da Santa Ema, Félix Pavone Moreno, descendente de Pedro Pavone Voglino, um Piemontês que em 1917 chega ao Chile, e em 1937 adquirindo terras no Valle Del Maipo, começa a história da família, inicialmente vendendo suas uvas.
Em 1956 Pedro e seu filho Félix Pavone Arbea começam a produzir e engarrafar vinhos que se tornam logo conceituados e exportados para vários países.
Somente 4 safras de Rivalta, aliás, Rivalta é o nome de um pequeno povoado no Piemonte, foram vinificadas até hoje.
-Rivalta 2003, corte de 64% Carmenere; 28% Cabernet Sauvignon e 8% Syrah, 14,5% de álcool, tendo passagem por barricas francesas de 1º uso por 20 meses cada cepa em separado, e mais 12 meses em garrafa depois do corte. Sua cor não denota a idade, ainda Rubi com toques violáceos, muita fruta, algo de floral, animal presente, especiarias, confirmando em boca as frutas e especiarias. Boa acidez, taninos já bem aveludados.
-Rivalta 2005, corte de 69% Carmenere; 27% Cabernet Sauvignon e 4% Syrah, 14,5% de álcool, o mesmo processo de passagem por madeira e garrafa. Violáceo, muita fruta vermelha madura, caramelo, mineral evidente, especiarias mais finas como cravo e pimenta rosa, sutil achocolatado. Confirma em boca as frutas as especiarias e o mineral, de uma acidez invejável, fazendo deste exemplar meu preferido, pois o tripé acidez, tanino e álcool está absolutamente em equilíbrio,
-Rivalta 2007, corte de 72% Carmenere; 16% Cabernet Sauvignon e 12% Syrah, 14,5% de álcool, o mesmo processo de passagem por madeira e garrafa. Apesar da safra ter sido histórica segundo Andrés, foi o que menos me agradou em boca. Aromas deliciosos de frutas, sutil mentolado, pimenta do reino, mas em boca sua acidez é menos destacada, é mais untuoso, confirmando frutas e especiarias, com tostados como café.
-Rivalta 2008, corte de 47% Carmenere; 18% Cabernet Sauvignon; 15% Syrah e 20% Carignan, 14,2% de álcool, o mesmo processo de passagem por madeira e garrafa. Mudança no corte, aromas de frutas maduras, algumas delas em compotas, mineral, e um amanteigado ou baunilha não sentido antes, que Andrés logo explicou que uma parte das barricas eram de carvalho Húngaro, e não todos de madeira francesa. Em boca boa acidez, taninos ainda nervosos, longo, confirmando as frutas em marmelada, e tostados.
Degustei também o Amplus Carignan 2007, com aromas mais químicos, canforado, vegetal frutas mais frescas.
O delicioso Amplus Sauvignon Blanc, com lima e limão, algo de floral, mineral marcado, em boca confirma os cítricos, certo vegetal e mineral. Acidez ótima, fazendo dele fresco e jovial para ser degustado solo ou em companhia de entradas com frutos do mar, ostras, queijos e muito mais.
Vinoteca Brasil
www.vinotecabrasil.com.br
Até o próximo brinde!
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